17 de janeiro - Inauguração do Seminário de Corupá
No dia 17 de janeiro de 1932, o Seminário Sagrado Coração de Jesus, de Corupá, então Hansa Humboldt, descerrou as portas para seu primeiro ano de funcionamento, até esse dia uma esplendida trajetória já havia sido percorrida, era apenas o começo da história do nosso "monumentum aere perennius" (monumento mais duradouro que o bronze).
Os primórdios do Seminário de Corupá tem intrínseca relação com o pioneiro Seminário de Brusque, nesta cidade catarinense, em 1924 se erguia o casarão destinado aos futuros seminaristas, inaugurou-se o “Colégio Coração de Jesus” em fevereiro de 1925. Funcionou até fins de 1931, dando lugar ao Seminário de Hansa.
O Seminário em Hansa Humboldt, hoje Corupá
Padre Gabriel Lux, pioneiro da Congregação dos Padres
do Sagrado Coração de Jesus em terras do sul desta Pátria, aqui aportou em
1903. Dotava-se de um gênio de construtor. Comprovou os méritos de engenharia
prática na ereção de prédios como a concretização do hospital Nossa Senhora de
Caravaggio e hospício anexo em Azambuja. Foi ele mesmo, portanto, o supervisor
do estabelecimento a ser fundamentado em Corupá. Colocou mãos a obra na
gigantesca tarefa com a previsão de alojamento para 120 seminaristas.
A opção para essa comuna adveio das vantagens
propostas por sua comunidade católica. Os padres teriam em compensação, assumir
em Hansa Humboldt o ministério da cura d’almas, se responsabilizariam em
colocar um sacerdote permanente nesta comunidade. O terreno para o desejado
educandário religioso seria doado.
A testa dos católicos colocaram-se os Srs. Adolfo Baümle,
José Müller e Guilherme Thiemann. O Padre Pedro Storms, então Superior
Regional, aceitou as ofertas condizentes a efetivação de levantar o imóvel.
Veio o Padre Lux residir no local de trabalho. O acompanhou
o Sr. José Mafezzolli, chefe da marcenaria do Colégio “Coração de Jesus” de
Brusque, provecto artífice com os predicados exigidos para a realização dos
planos em pauta.
As avultadas somas de dinheiro imprescindíveis para
saldar o material de construção foram arrecadadas pelo Padre Pascoal Lacroix. Os
campos de ação de onde proveram as ofertas foram Rio de Janeiro e São Paulo.
O terreno para os alicerces passou pela fase de adaptação.
Previu-se a posição da fachada para o lado do sol ao meio dia, isto é, para o
Norte.
Em meados de 1928 os fundamentos se empilhavam de
tijolos e compunham as paredes sólidas e altaneiras.
Aos sete de setembro de 1929, com festa popular, e
devida programação, procedeu-se a benção da pedra fundamental, presidida por D.
Pio de Freitas, primeiro bispo da recém-criada diocese de Joinville. Ainda hoje
no Seminário, no lado externo da fachada frontal se conserva o receptáculo onde
se depositaram os documentos alusivos ao ato, escritos em latim e português,
destinados à posteridade, pergaminhos históricos com a assinatura dos
presentes. O dito recipiente apresenta a letras LA, abreviação de “Lapis Angularis” (pedra angular) e a
data de 1929.
Em 1930, o Superior Geral, Padre José Lourenço
Philipe, veio visitar a terra de Santa Cruz, sua chegada a Hansa Humboldt
conseguiu atear mais operosidade ao andamento das obras após uma compreensível diminuição
do ritmo das mesmas com as crises estendidas por várias nações pelos idos de
1929 e 1930. Relatando ao Padre Vicente Schmitz suas impressões sobre a visita
a Hansa, Padre Philipe escreveu: “Pude observar em Hansa a obra do Mestre.
[...] Hansa será afinal, um “monumentum
aere perennius” nos Anais da Congregação, como recompensa da confiança em
Deus e da harmonia fraterna”.
Primeiro ano letivo em Corupá
A 17 de janeiro de 1932, o Seminário Sagrado Coração
de Jesus franqueou as portas para a primeira leva de alunos, a maioria
proveniente do Seminário de Brusque.
A construção desdobrou-se apesar das dificuldades. Esperava-se
o término do colosso com mais antecipação. Por três anos se protraíram as
labutas para oferecer o ingresso almejado do abençoado prédio. Executaram-se
dois terços da planta total, prevista para 52 metros de frontispício.
O pelotão dos recém-vindos se viu possuído de deslumbramento
ao confrontar o que haviam deixado e agora conquistavam com pé firme,
venturosos com a transferência de Brusque para Hansa.
Que capela! Que salas amplas! Que corredores! O dormitório! Quatro pavimentos!
O entusiasmo não decresceu ante os panoramas
descortinados da natureza esplendida, ali beirando o vasto terreno desliza
rápido o Rio Novo, amenizando a cálida jornada de quase 90 anos de existência.
À força braçal de picaretas e enxadas nivelaram-se
campos esportivos. As plantações da horticultura e as pastagens da pecuária se
dimensionam mais dilatados. Cedeu suas metragens a mata virgem para dar lugar a
as utilizações mais prementes. No início sob a regência do primeiro Reitor,
Padre Geraldo Spettmann, a eles se juntam tantos outros líderes que com suores despendidos
mantiveram de pé o nosso Seminário.
Aos 73 alunos pioneiros que aqui estiveram em 1932 já
se somam alguns milhares que por aqui passaram, deixaram e receberam marcas
indeléveis de nosso “Recanto de Paz”.
Revolvendo as lembranças do passado, almejando chegar
em breve aos 90 anos de jornada, lembramos o marco de fundação dessa casa, o
dia 17 de janeiro de 1932, data que marca o início de funcionamento do
Seminário, mas, lembramos que se trata de uma história vivida e que ainda está
sendo vivenciada, contada e presentemente narrada. Não queremos, porém, relegá-la
ao passado, que essa história injete ânimo para a longa caminhada que está
reservada a esse Seminário.
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